domingo, 5 de setembro de 2010

PAULO OU SAULO DE TARSO?

Referência Bíblica: Romanos 7:14-24.



Por que este tema é tão importante? O que, de fato, está em jogo quanto ao que compreendemos acerca dessa citação bíblica? Existe algo além do que a descrição da experiência espiritual do apóstolo Paulo? Ou será que estamos lidando com uma matéria que o diabo não está interessado que descubramos a sua essência, por ver ameaçado o seu poder sobre os humanos? Creio que ao longo desta leitura alcançaremos as respostas.

É assaz importante que esclareçamos que não existem contradições nas Escrituras Sagradas. Todos os seus textos se completam, harmonizam-se plenamente. Se porventura uma passagem não nos for de fácil compreensão, não devemos forçá-la a nossa interpretação, todavia buscar nos demais livros, outra passagem que lide sobre o mesmo assunto, onde com certeza encontraremos uma luz adicional, levando-nos ao cabal conhecimento do que a Inspiração nos pretende ensinar. Este método é o indicado pelo Todo-Poderoso, e Cristo mesmo se valeu desse princípio quando, na estrada para Emaús, tentava revelar aos seus desalentados discípulos que Ele havia ressuscitado, consoante o que diziam as profecias messiânicas.

Mas o que temos nos versos intrínsecos ao nosso tema que nos mova a atenção para além de uma experiência religiosa do apóstolo dos gentios? Hoje a cristandade acredita piamente que o homem possui duas naturezas, e nesses versos ancoram sua fé. Será isso um fato? Na verdade, sem percebermos, estaremos mergulhados num mar de contradições, se assim crermos.

Dissequemos o tema, verdadeiramente. Bem, se perguntarmos a todos os homens, genericamente falando, se todos nós somos filhos de Deus, que resposta obteremos? Obviamente que sim. Ninguém pretende encarar a cruel realidade de que somos escravos do diabo, muito menos filhos dele. Eu mesmo não gostaria, e tenho certeza que o caro leitor também não. Entretanto, há no Sagrado Livro alguma referência a essa pergunta? Tem ele uma resposta segura, sem nos deixar qualquer dúvida? A resposta é sim, inelutavelmente. Está escrito:


“Isto é, NÃO SÃO OS FILHOS DA CARNE QUE SÃO FILHOS DE DEUS, mas os filhos da promessa são contados como descendência.” Romanos 9:8. (Grifo Nosso).



Vemos nesse versículo claramente que há distinção entre os filhos da carne e os filhos da promessa ou filhos de Deus. Noutro falar: ou somos filhos da carne [escravos do diabo] ou filhos de Deus. Não podemos estar alistados nas duas famílias concomitantemente. É impossível. O nosso Salvador mesmo disse que ninguém PODE agradar a dois senhores. Ele não está falando do querer e, sim, do poder. Ele está se referindo peremptoriamente à impossibilidade. Assim, todos nós estamos a agradar ou a Deus ou a Satanás. Disso, nós não temos a menor dúvida.

Como estamos vivenciando uma guerra cósmica, da qual somos o alvo, devemos compreender que há duas forças antagônicas entre si, culminando, deste modo, em acirrada e ferrenha inimizade. E isso é mais que lógico: jamais Cristo será amigo de Satanás, nem vice-versa. Ou seja, Cristo e Satanás são e serão até o fim dessa guerra, combativos inimigos. E nós? Podemos estar incólumes a esse confronto cósmico? Evidente que não. Pois, como dantes falei, somos o alvo de ambos.

A palavra inimizade é citada pela primeira vez, nas Sagradas Escrituras, em Gênesis 3:15. Aqui está:



“E porei INIMIZADE entre TI e a MULHER, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3:15. (Grifo Nosso).



Dois inimigos jamais realizarão algo em comum acordo, de modo que haja aprazibilidade entre si. Jamais. Não há privança entre Cristo e Satanás. E aí está a sentença que determinou os dois campos espirituais depois da queda do homem. Deus pôs termo à obra do nosso arquiinimigo. Chegaria o tempo em que ele não mais teria poder sobre o homem, antes mesmo da segunda vinda de Cristo ao mundo.. Ora, se deveria haver inimizade entre o povo de Deus e Satanás, não teria cabimento imaginar que isso só ocorrerá quando da segunda vinda de Jesus, pois a palavra semente, no verso supracitado, vem depois do pronome pessoal do caso oblíquo TI e o substantivo feminino MULHER. E não poderia ser diferente, uma vez que Cristo [a semente da mulher] nasceria depois que o povo de Deus tivesse sido por Ele estabelecido. A ilação mais apropriada e certa é que Deus poria inimizade entre Satanás e o Seu povo antes mesmo do fim dos tempos.

Precisamos entender que o âmago do evangelho é justamente pôr o homem em liberdade, salvá-lo da escravidão imposta por Satanás, quando este fez cair nossos primeiros pais. Além da entrada da morte neste planeta, Adão permitiu que outra conseqüência afetasse o mundo: a herança de sua natureza decaída. Essa natureza decaída é aliada de Satanás. Por ela o homem é escravo a sua vontade sem poder-lhe resistir ao seu poder. Por essa razão, Cristo exclamou: “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8:36. O homem por si só não poderá escapar dessa condição – escravo do diabo, a menos que o Senhor Jesus Cristo o liberte.

A razão de muitos irmãos interpretarem os textos bíblicos de Romanos 7:14-24, como sendo Paulo, mesmo depois da conversão, é que enxergam aquela luta como sendo duas naturezas, quando esquecem que todo escravo deseja liberdade, na ocasião que descobre que não é livre. Para melhor entendermos, avocaremos aquele episódio relatado no capítulo 8, do versículo 28 ao 34, do livro de São Mateus. Existiam dois homens endemoninhados que viviam na região de Gadara. Eles tinham os sepulcros como moradas. Se lermos a história entenderemos, sem muito esforço, que Cristo fora ali por uma razão, única e exclusiva: libertar aqueles homens. Há a lúcida concepção de que ao verem Jesus, em seu íntimo, eles desejaram pedir auxílio ao Salvador, mas ao abrirem seus lábios para pronunciarem sua oração, um demônio falou em seu lugar. Por que Cristo, então, libertou aqueles homens do poder do maligno, se todos os curados precisaram expressar sua fé nEle a fim de obter a bênção? Todavia, Cristo ouviu a oração inaudível daqueles dois homens.

É difícil para qualquer ser humano aceitar que é dominado por Satanás. Afirmamos que fazemos o que queremos fazer. Porém não é assim que nos mostra o Criador. Vejamos outra evidência da palavra inimizade nas Escrituras Sagradas. Encontramo-la em Romanos 8:7. Analisemo-la:



“Porquanto A INCLINAÇÃO DA CARNE É INIMIZADE CONTRA DEUS, pois NÃO É SUJEITA À LEI DE DEUS, nem, em verdade, o pode ser.” Romanos 8:7. . (Grifo Nosso).



Noutra versão, o termo inclinação da carne é chamado de pendor da carne. Ambas as expressões não se referem à outra coisa senão à natureza decaída que herdamos de Adão, natureza escrava de Satanás, não mais sujeita à lei santa de Deus. É inadmissível pensarmos que Adão teve uma natureza adicionada a que ele tinha antes da queda. Ele não recebeu mais uma natureza. A sua natureza foi transformada. E como podemos afirmar isso? Os textos abaixo nos auxiliarão.



"Entäo FORAM ABERTOS os olhos de ambos, e CONHECERAM que estavam nus; e COSERAM folhas de figueira, e FIZERAM para si aventais." Gênesis 3:7. (Grifo Nosso).



O que vemos nesse verso não é uma natureza sendo somada à outra, todavia uma degradação da natureza pura que tinham. As suas ações comprovam que houve uma transformação de caráter empós a queda. Agiram em comum acordo com a mente degradada proveniente da sua desobediência. Não seria oportuna a passagem de Provérbios 23:7 – “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é”? Vale dizer, eles sempre tiveram uma só natureza – uma antes da queda, outra depois da queda; uma pura, a outra degenerada. Lembremos que ao criar o homem Deus havia dito “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Gênesis 1:26. Será que não ouvimos há muito se falar que é através do evangelho que Deus pretende restaurar a Sua imagem no homem? E é isso mesmo. A imagem de Deus foi obliterada do homem. E que imagem é essa? As Escrituras nos dirão. Antes, porém, vejamos a definição de caráter prevista pela Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, 2ª Edição, Ano 1975, de autoria de Fernando Bastos de Ávila, reconhecida pelo então Ministério da Educação e Cultura.



“Do grego ‘charactér de ‘charássein’ = gravar. Etimologicamente, caráter quer dizer COISA GRAVADA.’” (Grifo Nosso).



Todos sabemos da importância do gene que transportamos. Gene, na definição da genética clássica, é a unidade fundamental da hereditariedade. Ele, então, é tudo o que somos. O genótipo é a gama de nossas qualidades, invisíveis, incluindo o nosso caráter; o fenótipo é a demonstração do que somos, sejam traços físicos ou moral. Noutro falar, fenótipo é a manifestação do genótipo. No gene constam todas as informações sobre o futuro ser. Grifei propositadamente as duas palavras regeneração (genótipo) e renovação (fenótipo), contidas na passagem abaixo. Creio, agora, que ela será melhor compreendida. Lembremo-nos, no entanto, que estamos tratando da parte moral do ser humano.


“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, NOS SALVOU pela LAVAGEM DA REGENERAÇÃO E DA RENOVAÇÃO do Espírito Santo.” Tito 3:5. (Grifo Nosso).


Podemos entender agora como Deus pretende realizar sua obra miraculosa exposta no evangelho. Com a queda, Adão teve seu caráter [imagem], seu gene por assim dizer, degradado. “Portanto, os que estão na carne NÃO PODEM agradar a Deus.” Romanos 8:8. A Bíblia não diz não querem, mas não podem. Os filhos de Adão estão impossibilitados de obedecer a Deus, enquanto nessa condição, uma vez que ainda não entregaram a sua vida ao Salvador. Esse gene degradado, propenso ao pecado, conhecido pelas Escrituras como natureza pecaminosa é transmitida a todos os seus descendentes. Embora Cristo não tenha nascido do modo natural, como todos nós, Ele precisou assumir essa carga genética, sem, no entanto, ser contaminado por ela. Não nasceu com um gene degradado, seu caráter era puro, porém, para ser nosso Salvador, teria que ser como um de nós. E Ele sentiu o peso da degenerescência, resultado da queda de Adão.

“Os que estão na carne” e “se viverdes segundo a carne” são expressões que Paulo utiliza para identificar aqueles que não nasceram de novo, ou seja, os filhos do primeiro Adão. Aludindo a isso, em Gálatas 5:19-22, Paulo define o viver dos filhos de Adão [os que estão na carne ou vivem segundo a carne] e os filhos de Deus [os nascidos de novo].

Assim sendo, somente através da obra miraculosa do Espírito Santo, é que Deus restaura a Sua imagem no homem. E esta obra, esta operação é o novo nascimento. A nova criatura recebe um novo gene (reGENEração). A justiça de Cristo é-nos concedida de dois modos: imputada e comunicada. A primeira é o título para o Céu; a segunda nos habilita a viver no Céu. ReGENEração – aqui se dá a imputação da justiça de Cristo. É instantânea. ReNOVAção – processo pelo qual se comunica a justiça ao crente, ou seja, SANTIFICAÇÃO. É gradual. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é.” II Coríntios 5:17. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” Gálatas 5:22 e 23. Portanto, todo aquele que desejar nascer de novo e se dispuser, será gerado de novo pelo Espírito Santo. Receberá de Deus um novo gene, ou seja, um novo caráter. Ele terá uma nova mente, um novo propósito. Efetivar-se-á nele a operação já prometida por Deus:



“E dar-vos-ei UM CORAÇÃO NOVO, e porei dentro de vós UM ESPÍRITO NOVO; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ezequiel 36:26. (Grifo Nosso).


Se a Palavra de Deus emprega o vocábulo NOVO, tanto para o coração como para o espírito, significa substituição e não adição. Nosso coração é comumente usado nas Escrituras para representar os desígnios do homem, ou seja, o caráter do homem, o âmago do seu ser. Quanto ao homem natural, Deus assim se refere: “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9. (Grifo Nosso). E porque afirmo que essa alusão é quanto ao homem natural e não ao que experimentou o novo nascimento? Porque a perversidade não está no rol dos frutos do Espírito Santo, está? Simplesmente não.

Só se não quisermos admitir, mas o poder de Deus é capaz de restaurar o Seu caráter no homem, antes decaído, todavia agora transformado pela ação miraculosa do Espírito Santo, dando-lhe uma mente que se compraz em fazer a vontade do Criador. A mente que lhe é concedida, tanto se harmoniza com a vontade de Deus, tanto se deleita em viver harmoniosamente com os princípios do Céu, que o apóstolo Paulo asseverou isso através de suas próprias palavras:



“Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? MAS NÓS TEMOS A MENTE DE CRISTO.” I Coríntios 2:16. (Grifo Nosso).


Como podemos crer, por tudo que estudamos, que Romanos 7:14-24, onde vislumbramos uma mente totalmente escrava do diabo, possa ser atribuído a Paulo, o qual afirma ter a mente de Cristo, consoante o verso acima? Só se ele tivesse duas mentes. E isso é um absurdo.

O que João 1:12 nos acrescentaria a respeito disso? Citemos tal passagem e em seguida façamos uma breve abordagem sobre sua mensagem.



“Mas, A TODOS QUANTOS O RECEBERAM, DEU-LHES O PODER DE SEREM FEITOS FILHOS DE DEUS, AOS QUE CRÊEM NO SEU NOME.” João 1:12. (Grifo Nosso).


O que podemos aprender com essa passagem? Que aqueles que receberam a Cristo, ou melhor, os que entregaram a sua vida ao Salvador pela fé, os que creram em Seu nome, foram transformados pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo. A estes Deus conferiu o poder de serem FEITOS Seus filhos. A palavra é FEITOS e não CONSIDERADOS. Considerar está mais para hipótese do que para realidade. Deus não se utiliza de faz-de-conta, meu caro amigo. A operação que é realizada pelo Espírito Santo é real, e é manifestada por Seu poder na vida de quem por Ele foi transformado. Por isso se faz necessário nascer de novo. Tal operação espiritual nos faz ressuscitar na nova família da fé.

Destarte, confrontando as duas passagens (João 1:12 e Romanos 9:8) chegamos à conclusão de que só são filhos de Deus aqueles que decidiram se submeter à operação do Espírito Santo – o novo nascimento.

O verbo morrer nos ajudará a entendermos que só possuímos uma só natureza. Em Romanos 6:23 entendemos que a morte só cabe a quem transgride a lei de Deus. E esse versículo está de comum acordo com Romanos 8:13. Este último nos diz que “se vivermos SEGUNDO A CARNE, morreremos”. Se Cristo diz que quem crê nEle “PASSOU da morte para a vida”, significa dizer que os que crêem, tem a vida eterna. Então, se temos duas naturezas, somos obrigados a concluir que oscilaremos até Jesus voltar entre a VIDA ETERNA e a PERDIÇÃO ETERNA. Porque está escrito:


“Porque, assim como TODOS MORREM EM ADÃO, assim também TODOS SERÃO VIVIFICADOS EM CRISTO.” I Coríntios 15:22. (Grifo Nosso).


Todos os que são filhos de Adão sofrerão a segunda morte, pois sobre eles paira a sentença mortal anunciada no Éden e revista em Romanos 6:23, por não terem aceitado o convite do Salvador. Não somente os ímpios, mas também os incrédulos, são filhos de Adão. Assim, podemos estar dentro da igreja, batizados, desempenhando algum cargo, sermos ministros do Senhor, e não termos sido de novo gerados. Isso é grave, mas é a pura verdade. Só seremos FEITOS FILHOS DE DEUS, quando por Ele formos gerados novamente. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele QUE NÃO NASCER DE NOVO, NÃO PODE VER o reino de Deus.” São João 3:3. A impossibilidade está bastante patente, não está?

E quanto à contradição falada no início dessa apresentação? Vejamos. Paulo em Romanos 7:14 diz – “mas EU SOU CARNAL, vendido sob o pecado”. Se Paulo não está falando de sua experiência antes da sua conversão, como ele poderia dizer em sua primeira carta aos Coríntios 3:1, que, aos irmãos que eram considerados carnais por suas atitudes impensadas, não lhes pôde falar como a espirituais?



“E eu, irmãos, NÃO VOS PUDE FALAR como a espirituais, MAS COMO A CARNAIS, como a meninos em Cristo.” I Coríntios 3:1. (Grifo Nosso).


“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, VÓS, QUE SOIS ESPIRITUAIS, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Gálatas 6:1. (Grifo Nosso).


Se confrontarmos as passagens (Romanos 7:14 e I Coríntios 3:1), iremos crer que Paulo está sendo contraditor ou hipócrita, pois ele não poderia falar a espirituais se ele era carnal, vendido sob o pecado, ou seja, escravo de Satanás. Neste caso, ele só poderia ser espiritual, ou seja, ter nascido de novo ao escrever aos irmãos espirituais em Corinto, que também provaram a mesma experiência. Ele mesmo afirma que a lei é espiritual. Nenhum homem natural discernirá o que está proposto entre Gênesis e Apocalipse, nesta condição. Então: Paulo era carnal ou espiritual? Como podemos admitir que num dado momento ele viaja até o terceiro céu e depois ele está escravo do diabo? É uma contradição e tanto, o leitor não acha?

Em Gálatas 6:1, Paulo não diz vós que estais espirituais e sim, vós que sois espirituais. Ou somos uma coisa ou outra. Não, só existe uma situação aceitável em face de tantas evidências bíblicas disponíveis. Não podemos agradar a Deus e a Satanás, concomitantemente. Não temos que insistir num assunto tão claro nas Sagradas Letras. Ou nós somos carnais ou espirituais, nunca os dois ao mesmo tempo. Nem trazemos conosco duas naturezas. Ou nascemos de novo ou ainda vivemos segundo a carne. Ou somos filhos de Deus ou somos filhos do diabo.

Nasci da união de dois gametas humanos, assim, provenho de Adão. Sou carnal. E agora ao me ver perante a santa lei de Deus, deparo-me com uma situação terrível de ser aceita: sou pecador. Ao tentar satisfazer os reclamos dessa lei, percebo que não posso. Descubro que em minha vida, com toda a educação refinada que recebi, com todo o aparato intelectual que tenho, é-me impossível obedecer aos reclamos divinos e que meus conhecimentos só tornam minha situação mais deplorável ainda. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Vejo com tremenda tristeza que sou escravo de Satanás e preciso urgentemente entregar a minha vida sem reservas a Deus e pedir-Lhe que me perdoe os pecados e me impute a justiça de Cristo. Creio que Ele cumprirá a promessa contida em I João 1:9. Então, levanto-me e, por ter crido na Sua palavra, por crer que Ele me gerou de novo, sou transformado segundo a Sua imagem. Doravante já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Ele cumpre em mim o querer e o efetuar. Sou uma nova criatura, cujos frutos podem ser vistos em Gálatas 5:22.

Porque não crer nessa maravilhosa dádiva do Céu? Dizemos que Deus é poderoso, porém tolhemos o Seu poder com a nossa falta de fé, como se Ele não fosse capaz de nos tornar semelhantes a Jesus, quando aqui viveu. Sem essa maravilhosa experiência, sem a regeneração espiritual dos que crêem, o evangelho é fraco e não poderoso.

E na tentativa, como que num último esforço, apresento ao caro leitor mais duas passagens, as quais iluminam todo nosso entendimento quanto à morte da nossa natureza carnal, quando realmente nos entregamos a Deus e somos, por Seu Espírito, transformados num novo ser. Esta é a primeira passagem:


“E OS QUE SÃO DE CRISTO CRUCIFICARAM A CARNE COM AS SUAS PAIXÕES E CONCUPISCÊNCIAS.” Gálatas 5:24. (Grifo Nosso).


O verbo crucificaram está no passado e não no presente. Ora se morremos com Cristo, como podemos dizer que essa natureza carnal permanece viva, bastando esquecermos de ler a Palavra de Deus, para que ela volte a assumir? Não terá ocorrido que fomos enterrados vivos e achamos que fomos sepultados com Ele?

Na passagem seguinte, enfim, o apóstolo torna cognoscível que Romanos 7:14-24 só pode ser entendida como sendo sua experiência antes da sua conversão, na estrada de Damasco, pois contradiz total e veementemente suas declarações anteriores, ali previstas, se consideradas de modo contrário.


“Sabendo isto, QUE FOI CRUCIFICADO COM ELE O NOSSO VELHO HOMEM, para que O CORPO DO PECADO SEJA DESTRUÍDO, e NÃO SIRVAMOS O PECADO COMO ESCRAVOS.” Romanos 6:6. (Grifo Nosso).

Como Paulo que, segundo esses versículos, não serve mais o pecado como ESCRAVO, teve o velho homem CRUFICADO, em Romanos 7:20 afirma que o pecado HABITA nele? Ele não diz às vezes habita. Afinal o pecado foi destruído ou ainda vive, habitando nele? Parece contraditório não é? A palavra QUE, precedendo o verbo HABITA [que habita em mim], denota inquestionavelmente que há efetividade e não esporadicidade. Sim, será contraditório, a não ser que nos disponhamos a crer na simplicidade e magnificência existentes na Palavra de Deus – que Paulo já gozava da nova experiência com Cristo.

Lembremo-nos que os veios espirituais só serão revelados aos que crêem em Cristo, os que vivem uma experiência de inteira comunhão com o nosso Salvador, através do Seu Espírito. Portanto, peçamos a Deus agora mesmo que o novo nascimento seja uma realidade em nossa vida. Roguemos a Ele que nos transforme segundo a Sua imagem e assim possamos dizer como Paulo – “já não sou quem vive, mas Cristo vive em mim”.

Que Deus nos abençoe rica e poderosamente! Amém!




RETIRADO DO BLOG: http://www.gotasdeconhecimento.blogspot.com/




Precisamos mudar nossos conceitos.

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